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Crônicas


  O herói Dan Wheldon

Las Vegas, 16 de outubro, mais um domingo, último do ano para Fórmula Indy. Uma corrida que era (e entrou) para história, infelizmente não para o bem. Um grande evento, títulos para serem disputados, e um desafio à um campeão. Tudo para ser um grande show.
Apenas esqueceram de vetar a entrada da morte na área vip do circuito. Ela estava lá rondando, fazia tempo que não aparecia. Desde 2006. Ela estava com o seu ingresso cativo e com pressa. Já que nas últimas vezes ela havia falhado feio, sim, Mike Conway deve agradecer todo dia por apenas as pernas e costelas quebradas na Indy 500 de 2010.
Dan Whledon com certeza nem pensava sobre isso, ninguém pensava, apenas achavam que seria uma corrida perigosa, até três carros lado a lado, colados, ingrediente para vários acidentes e com sorte um Big One, mas claro, sem ninguém se machucar, apenas um show para o público. Ele era o desafiado, correndo por um prêmio de 5 milhões, que inicialmente seriam para cinco pilotos de fora da categoria, mas agora era APENAS ele contra 33 pilotos. 
Sol, calor, circuito lotado, a festa era grande. Todos se perguntavam quem vai ser campeão, Dario Franchitti ou Will Power, a nova rivalidade do automobilismo, Ganassi ou Penske, as duas grande equipes. Uma Ferrari x McLaren, Corinthians X Palmeiras ou Lakers x Celtics, mais ou menos isso.
E a tragédia ocorreu, rápido, como filme de Hollywood, começou no meio do pilotão e foi acertando todos. Fogo, destroços, carros voando, rodando, batendo. Quatorze carros, mas o desafiado foi o que chamou a atenção da morte. Com um carro preto número 77, Dan foi pego no acidente, voou e se foi pra sempre. Um adeus doloroso para aquele que era  o mais querido entre todos os pilotos.
Homenagens emocionantes, comoções, um memorial pela internet e em Indianápolis. Um ídolo que se juntaria a vários outros, como os brilhantes Ayrton Senna e Greg Moore.
Não quero ficar falando aqui sobre a morte de alguém que era especial. Do sentimento de inutilidade, pois não podemos fazer nada. Mas sim de suas conquistas.

Você se lembra bem né Dan, (sim, falarei diretamente para ele), afinal foi em Maio, que você venceu sua maior corrida. Pena que foi a última. É aquela em um templo, Indianápolis e na história 100ª 500 Milhas, o campeão iria entrar para a história. 
Uma surpresa, um final surpreendente, inacreditável, afinal tinha que ser assim na centésima edição da corrida. J.R Hildebrand bate na última volta, na última curva e te entrega de bandeja a vitória. Emocionante, sua segunda vitória nas 500 milhas, depois de dois segundos lugares consecutivos lá. 
Você agradeceu sua esposa, o chefe Bryan Herta e todos da Bryan Herta Autosport, já que você só iria correr lá e se possível em Vegas ou alguma prova esporádica: "Isso foi fenomenal. Eu amo Indianápolis. Amo as pessoas. Amo tudo sobre isso. A tradição, a história. Eu senti um grande alívio, é uma sensação incrível. Eu fui vice por dois anos antes disso e nunca desisti" e a comemoração seria na Disney com seus filhos. 
Antes foi no ano do seu título, 2005, quando era companheiro de seus grandes amigos Dario Franchitti e Tony Kanaan, lá na Andretti, que você fez tanto sucesso e voltaria a correr em 2012. 

Lembro que chamou a atenção logo na Fórmula Atlantic, quando correu na PPI, depois na PacWest Lights, na antiga Indy Ligths. Em 2002, fez duas corridas pela Panther, mas em 2003 que deu as caras para o mundo na Andretti, foi o estrante do ano. Foi vice-campeão no ano seguinte já, vencendo duas corridas, a primeira em Richmond. Com certeza você não ficou bravo de ver o Tony ser campeão daquele ano. 
Em 2005, o título,  nada mais que seis vitórias, você mesmo disse que "Tendo o título de campeão em seu currículo é algo que nunca mais poderá ser tirado". Em 2006, 07 e 08, você foi para a Chip Ganassi, foi vice e duas vezes quarto lugares, 6 vitórias, 5 segundos lugares e 5 terceiros lugares, uma grande marca. 
Foi para a Panther, sofreu com um carro que não era bom, mesmo assim foi ao pódio 4 vezes em dois anos. Correu essas 500 milhas e a penúltima prova em Kentucky e agora a última. 

O inglês que deixará uma saudade, brincalhão, sempre sorrindo. Adorava falar palavrão em português. Ainda atacou de dublador do desenho da Hot Wheels. Será sempre ídolo para muitos, estará sempre na pistas, carregados pelos seus amigos.
As suas 16 vitórias nunca serão esquecidas e nem seu título. 

"Isso é um sonho para mim. Eu amo as 500 milhas de Indianápolis desde que eu era um garotinho na Inglaterra. E você pode ver o que é essa corrida (...) Eu estou tendo um momento de emoção. Estou tão contente. Muito obrigado a todos. É a melhor corrida do mundo. Esses fãs fazem esta corrida. O mesmo acontece com Indianápolis. É o melhor lugar do mundo agora mesmo!". Dan Wheldon, 29 de maio de 
2005. 

"Honestamente, com tudo que se passou em minha vida, eu sinto que quando o seu tempo acabar, estará acabado. Você não pode se preocupar com essas coisas. Você tem que viver a vida como se fosse seu último dia. Não, eu não. Você sabe, uma coisa é muito importante mim é ser capaz de vencer uma corrida para meus filhos antes de eu me aposentar. E eu ganhei a maior corrida por um longo tempo. A centésima Indy 500! Eu quero continuar fazendo isso. Eu não quero que meus filhos tenha que ir para escola e dizer 'Meu pai é um perdedor, ele não pode vencer uma corrida de Fórmula Indy'", Dan Wheldon, em entrevista neste ano dada ao jornalista Jim Clash.

Dan deixou esposa, Susei Behm e dois filhos Sebastian e Oliver, de 2 anos e 7 meses respectivamente. A direção da Indy junto com os pilotos resolveram doar os 5 milhões de dólares para os filhos. 
A Dallara empresa que faz os chassis da Fórmula Indy, e que Dan trabalhou esse ano de piloto de teste e desenvolvendo o novo carro, dará o nome de Dan no bólido.

Até logo! Ou como você mesmo falaria: "Tchau seu filho da puta". Obrigado por ter sido meu ídolo e de muitas pessoas. Te vejo em breve!!!

Fontes: http://askmen.com
Assessoria de Imprensa IndyCar

Fotos: Assessoria de Imprensa IndyCar
Arquivo Pessoal


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